Sicko, de Michael Moore e sobre a necessidade urgente de Filosofia no mundo

Estava vendo o mais novo documentário de Michael Moore, "Sicko" (de 2007), baixado na internet em poucos minutos, e resolvi escrever algo aqui sobre ele. Recomendo, antes de tudo, qualquer filme do Michael Moore, até os que não vi... "Tiros em Columbine", particularmente sobre o tema do medo, achei genial. Mas o Sicko, é um choque já desde o início: um estadunidense de classe média acidentado costurando o horrível rasgo no próprio joelho na poltrona de sua casa para não ter que pagar um absurdo por tratamento médico.

Impressionante como nos habituamos a tudo, espectadores passivos do mundo, não nos revoltamos mais com nada, não achamos que podemos mudar nada, e, para ir mais fundo, penso que nos sentimos cada vez menos PARTE desse todo. No próprio filme, pessoas que trabalham no sistema doente dos planos de saúde dos EUA choram ao falar do emprego mas não largam os mesmos. Será que o nosso sistema atual não nos dá opção de sobreviver em uma atividade que pareça BOA se olharmos para ela de uma perspectiva filosófica? Mesmo que a renda caia, será que a felicidade de alguém só pode ser medida pelas cifras em sua conta bancária?

Caso pessoal: Eu mesmo, formado em administração de empresas, não sosseguei até mudar de área, mesmo vivendo com muito menos dinheiro... Mas sou muito mais satisfeito agora estudando Filosofia e "trabalhando" na criação de textos pro blog (ah, e poesia...), manutenção do meu site e webdesign para escritores. Isso porque, filosoficamente, me diga para que serve qualquer empresa? Qual o seu fim último? (Sem, claro, cair nas armadilhas de seus lemas internos que nunca correspondem à realidade). LUCRO, certo? Para quem? Para os seus donos ou sócios. Agora, sócios ou donos de empresas são pobres? Penso que não... Talvez haja exceções, (comentem suas idéias") mas eu tenho a ligeira impressão de que trabalhando para qualquer empresa você está simplesmente ajudando a CONCENTRAR AINDA MAIS RENDA. Ricos mais ricos e pobres mais pobres... Simples assim. Em troca disso, você recebe seu salário (de valor já calculado para não atrapalhar nos lucros, obviamente).

OK, talvez seja um ligeiro exagero... Mas e quando você trabalha ENGANANDO gente? Vendendo coisas que não precisam comprar? Vendendo cartões de crédito para se endividarem? Vendendo idéias para fazer pessoas comprar? Você já teve um olhar mais aprofundado sobre o que você anda, EFETIVAMENTE, fazendo no mundo de segunda a sexta, oito horas por dia?

Pior ainda: e quando a sua empresa MATA GENTE DIRETAMENTE para aumentar os lucros? É o caso das empresas que vendem os planos de saúde nos USA, desde que o governo deu a brecha para elas se instalarem (neoliberalistas de plantão, não percam esse filme). Moore, como sempre, nos choca e faz pensar.

(Fabio Rocha)