Psicanálise com crianças - Fabio Rocha
A psicanálise com crianças é uma abordagem terapêutica que tem como objetivo ajudar as crianças a compreender e resolver problemas emocionais e comportamentais, a fim de promover o seu desenvolvimento saudável. Apesar de Freud não acreditar na aplicação da psicanálise em crianças, esta abordagem tem suas raízes na teoria da dinâmica da mente humana desenvolvida por Sigmund Freud e foi aperfeiçoada e expandida por sua filha, Anna Freud, e por Melanie Klein. Outra figura de destaque foi Winnicott. E todos somos um reflexo de nossa infância, então é um momento muito importante para a psicanálise e para a clínica.
Anna Freud, filha de Sigmund Freud, desenvolveu uma teoria da psicologia infantil. Ela enfatizou o papel da defesa como uma forma de proteger a criança de estímulos emocionais dolorosos. Anna Freud acreditava que as crianças aprendiam a lidar com seus medos e desejos através de defesas, como negação, dissociação e repressão. Ela também acreditava que a terapia infantil deveria ser baseada na compreensão da dinâmica da mente infantil, com uma abordagem centrada na criança e na sua relação com o terapeuta. A criança passa a ser olhada como uma psique em desenvolvimento e, mesmo não usando o ferramental em clínica com crianças, surge o debate da psicanálise em escolas (aspecto pedagógico). Ainda é muito citada em cursos de Pedagogia.
Já Melanie Klein, que foi analisada por Ferenczi, influenciada por Freud, teve uma abordagem diferenciada e enfatizou o papel das relações precoces e conflitos internos na formação da personalidade da criança. Ela acreditava que as crianças tem desejos e medos inconscientes que são influenciados por suas relações precoces, como o relacionamento com a mãe. E que poderiam sim ser tratadas diretamente com psicanálise, diferentemente de Freud.
De acordo com a teoria de Melanie Klein, as crianças precisam resolver conflitos internos, como a tensão entre o amor e o ódio, para se desenvolver de forma saudável. Um lado ruim e um bom. O seio da mãe, bom ou ruim (posição esquizoparanóide). O bebê acha que o seio é parte dela, não há ainda um conceito de interno e externo do eu. Também deixa claro que há uma ambiguidade entre este “bom” e “mau” nos mesmos objetos, além de não haver uma separação clara entre o objeto e o bebê.
Acolhendo vários conceitos de Ferenczi, também teve uma abordagem com a importância maior do brincar, da ludicidade e da arte, e menos o aspecto pedagógico de sua antecessora. As teorias de Melanie Klein acompanham a evolução do papel da criança na sociedade (antes, não deveria opinar, etc.). Desenvolveu conceitos importantes, usados até hoje na clínica, também em adultos.
Para Donald Winnicott, a mãe suficientemente boa ou não suficientemente boa está muito mais ligada ao ambiente, ao físico em torno da criança. A mãe como ambiente inicial da criança. O peito da mãe e o colo como ambiente e extensão de si mesmo, até que ela comece a desenvolver sua independência. Relação objetal da criança com o ambiente que vai variando com a idade. A escola e os ambientes fora de casa (tal qual o consultório da psicanálise) reproduzindo o ambiente da casa.
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